Loucura - Daniel Ilê

Loucura é algo que todos nós compartilhamos, é a transparência, a exacerbação de nossos sentimentos mais íntimos e profundos, é a indagação que vem do ímpeto da alma, perante valores tão hipócritas e mesquinhos. Seria loucura ir contra um sistema de imposições e regras sociais, quebrar estigmas e dogmas, revolucionar, transformar, andar de preto onde todos andam de branco? Ou loucura seria simplesmente seguir o fluxo, as tendências, o plano, o esperado. O fato de todos os indivíduos, independente de sua formação, serem peculiares, prova que a loucura, muitas vezes é apenas a diferença. Nossas divergências intelectuais, partidárias e morais, são quem determinam e definem nossa tão sonhada e indefinida loucura. São as posturas montadas, ou simplesmente a displicência intrépida do novo. E a estagnação e o fim da apostasia, é a reflexão, a fé, a poesia. É o último suspiro da verdade rara, é não citar Marx, Luther King, Cheguevara. É se basear na estética e no nome, e não se preocupar com a ética, os direitos e a fome. É permitir que essa homogenização cultural prepotente e dark, ofusque os sambas de Cartola e as obras de Chico Buarque. É perder tempo com frivolidades cotidianas, e não discutir, debater, suas idéias tachadas pela sociedade, insanas. É não acreditar no amor e na igualdade, é defender o óbvio mantendo estapafúrdia cumplicidade. Na verdade loucura mesmo, é achar que não somos loucos, quando transmitimos cultura, conhecimento e educação para tão poucos. Quando matamos ao invés de achar a cura, quando nos perdemos em nossa própria loucura.

- DANIEL ILÊ